
FAP apela ao Primeiro Ministro para o fim da devolução das propinas, o reforço da ação social e a implementação da semana de quatro dias no ensino superior
Políticas eficazes de retenção de talento para combater a emigração jovem qualificada e a manutenção de uma Secretaria de Estado do Ensino Superior também entre as reivindicações.
A Federação Académica do Porto (FAP) enviou, esta terça-feira, uma carta aberta ao primeiro-ministro Luís Montenegro, apelando a um pacto de regime que assegure políticas públicas consistentes para os jovens e para o ensino superior.
O fim da devolução das propinas e utilização desse montante na ação social, de forma a garantir igualdade no acesso e na frequência do ensino superior; um novo plano nacional de alojamento estudantil, através de uma nova geração de investimento público direto e da criação de uma linha de financiamento específica para as Instituições de Ensino Superior contratualizarem camas com os setores privado e social; a aplicação de políticas eficazes de retenção de talento para combater a emigração jovem qualificada, de forma a criar condições para que os jovens encontrem, em Portugal, uma perspetiva de futuro real e sustentável; a manutenção de uma Secretaria de Estado do Ensino Superior, que merece uma estrutura política própria, com autonomia e prioridade dentro da orgânica governativa; e a implementação progressiva da semana de quatro dias no ensino superior – são as principais eixos de ação propostos pela FAP.
“É tempo de compromisso. De visão. De estabilidade. Precisamos que os partidos moderados encontrem um caminho comum que vá além do calendário eleitoral e se comprometam com uma estratégia de médio e longo prazo, focada na juventude portuguesa. É essencial construir um pacto de regime que assegure políticas públicas consistentes e ambiciosas, capazes de garantir que quem nasce, cresce e estuda em Portugal possa também aqui viver, trabalhar e prosperar”, defende o presidente da FAP, Francisco Porto Fernandes. No mesmo documento, que denuncia a instabilidade política dos últimos anos e a incapacidade das instituições em dar respostas estruturais aos desafios que afetam o país, alerta para a sangria de talento de “uma geração esgotada por esperar”: “A urgência de agir nunca foi tão clara. Precisamos de estabilidade nas políticas públicas. Um caminho claro, coerente e continuado, que permita aos jovens projetar e concretizar a sua vida em Portugal. Hoje, os jovens – mesmo após anos de formação – continuam a sair tarde de casa, a ganhar salários baixos e a encarar a emigração como única perspetiva de futuro.”
Para a FAP, cabe ao próximo Governo a responsabilidade de quebrar este “ciclo de indefinição”: “O que pedimos é simples: que não se continue a adiar o essencial”, conclui Francisco Porto Fernandes, lembrando que a valorização dos jovens é uma decisão estratégica para o desenvolvimento e futuro do país.